Você já pensou o quanto a pele funciona como um termômetro de saúde? É por meio dela que medimos a nossa temperatura, identificamos mudanças metabólicas e doenças. E, por isso, a sua alimentação afeta diretamente a sua pele.
Muitas vezes, os diagnósticos de doenças identificados por nossa pele, não se referem a uma enfermidade da pele. Podemos não nos lembrar com frequência, mas a pele é o maior órgão do corpo humano e sua proximidade com o meio externo, nos permite identificar, a olho nu, mudanças que acontecem lá dentro.
Segundo a nutricionista Camilly Gabry, a pele pode ser um dos maiores indicativos para doenças intestinais. Para ela, o excesso, a falta ou a novidade de alguma coisa em nossa pele podem ser sinais para nos mantermos atentos e começarmos a questionar como está a nossa alimentação.
“O excesso nunca é bom e vai indicar algum desequilíbrio, seja esse desequilíbrio uma doença, excesso de acne, excesso de ressecamento, excesso de óleo, excesso de suor e até mesmo aquelas bolinhas que não sabemos de onde ou por que surgiram. Quando sintomas como esses aparecem, pode ser um forte indicativo de uma doença intestinal a ser investigada”, explica.
Aqui você deve estar se perguntando se a causa dos sintomas apresentados por sua pele podem estar indicando uma doença inflamatória intestinal. E sim, podem.
Neste caso o diagnóstico correto pode ser feito por um gastroenterologista. Contudo, o acompanhamento e tratamento envolvem, necessariamente, a supervisão de um nutricionista especializado. É ele que vai te ajudar a descobrir como a sua alimentação afeta a sua pele mapeando o seu histórico alimentar, checar a sua bioimpedância, identificar quais são as alergias transitórias e quais são as permanentes, quais alimentos são inflamatórios especificamente para você, assim como te ajudar a mudar a sua cultura alimentar.
Afinal, alimentação não envolve somente se manter de pé e encher a barriga. É necessário criar uma relação afetuosa com tudo o que você coloca no prato, para que de alimentos, esse conjunto de nutrientes possa se tornar o que você chama de comida.
“Não basta selecionar os alimentos que te geram algum desconforto e tirá-los da sua rotina alimentar. Se estão inseridos na sua cultura, se fazem parte daquilo que você entende como comida, você voltará a consumir esses alimentos, mesmo que com consequências. Essas consequências podem não aparecer de maneira grave agora, mas irão um dia.”, explica a nutricionista Camilly Gabry.
Todo o estudo desse histórico alimentar pode levar mais de uma hora, mas nesse processo não é só o tempo e a dedicação do profissional que importam.
Segundo Camilly, esse diagnóstico envolve um rastreamento metabólico muito profundo.
“Aqui no consultório alguns pacientes ficam confusos quando eu começo com o mapeamento por anamnese, devido ao detalhamento das perguntas. Eu preciso saber se a pessoa nasceu de cesárea ou parto normal e se, a partir disso, pode ser amamentada, por exemplo. Não é apenas o que consumimos hoje, mas todos os nossos hábitos alimentares ao longo da vida importam para o diagnóstico de agora”, explica.
Camilly ainda lembra da necessidade de identificar se o problema está partindo de uma crise aguda ou se já se tornou uma doença crônica, a qual a pessoa terá que lidar para o resto da vida.
“As hipersensibiilidades alimentares temporárias são comuns e podem mascarar um problema mais profundo no seu intestino. A exemplo disso temos pessoas que acreditam que não podem consumir leite de modo algum, pois o problema estaria na lactose. Mas, na verdade, o que essas pessoas não sabem é que podem estar com algum processo inflamatório outro, que impede a produção das enzimas digestivas do leite, gerando a intolerância intestinal e problemas na pele”, lembra.
Aos que já são diagnosticados ou já desconfiam possuir alguma doença intestinal, é melhor se manter atento aos tipos de produtos aplicados na pele.
No caso, não somente com as misturas caseiras, à base de frutas e ervas, mas também ao que vem da farmácia ou do supermercado.
Quando a doença inflamatória intestinal já está instalada em nosso corpo, é comum que as reações inflamatórias não venham apenas da comida, mas também de cremes, shampoos, hidratantes e óleos. Por isso, o olhar atento aos rótulos e à composição do produto é muito importante.
“Algumas pessoas celíacas, por exemplo – aquelas que possuem intolerância ao glúten -, são tão sensíveis que um creme de pele que contenha traços de glúten já é o suficiente para desencadear uma reação. O mesmo vale para quem tem alergia ao leite, pimenta e outros. O nosso corpo funciona como um todo conectado, ou seja, se a alergia existe em um lugar, ela pode desencadear reações em outros órgãos também”.
Segundo a nutricionista Camilly Gabry, nem tudo se resolve dentro do consultório. Para ela, algumas mudanças de comportamento já podem ajudar muito na melhora da saúde da pele.
Sabemos que bater meta de ômega 3 necessária todos os dias não e fácil. Afinal, a nossa cultura alimentar ainda é muito mais voltada para carnes vermelhas e para o frango, do que para peixes, sejam de água salgada ou doce.
“O ideal mesmo seria consumirmos peixes, sobretudo os com maior concentração de ômega 3 – como é o caso da sardinha -, todos os dias. Mas sei que essa definição não é compatível com o cotidiano de muita gente, por isso costumo indicar o consumo de cápsulas de ômega 3 aos meus pacientes”, explica a nutri.
Camilly lembra também que a dieta de cada um é algo extremamente individual. A maneira como o corpo reage, os alimentos que cada um tem disponível diariamente, assim como os produtos que são mais ou menos inflamatórios variam de pessoa para pessoa.
“Não há dieta ou melhora de sintomas inflamatórios que melhorem sem o acompanhamento de um nutricionista especializado”, finaliza.