A Nutrição Comportamental é um campo e abordagem novos dentro da nutrição. Você já reparou que come sem pensar? Quando deu por si estava com a geladeira aberta? Ou notou todos os sentimentos que aparecem quando busca uma refeição: ansiedade, satisfação culpa… É para entendê-los e melhorar a sua relação com a comida que a Nutrição Comportamental existe.
Conheça tudo sobre a nutrição comportamental e saiba se essa é a melhor abordagem para a sua relação com a comida!
O termo “nutrição comportamental” foi cunhado por Marle Alvarenga e se refere a uma abordagem nutricional que leva em consideração aspectos da psicologia comportamental no tratamento do paciente. Em outras palavras: a nutrição comportamental tem foco na relação. Sua com a comida.
Essa abordagem vem de encontro a abordagens restritivas da nutrição. Observando que a nutrição tradicional poderia ser por vezes indiferente ao emocional dos pacientes, a nutrição comportamental tentou outra abordagem.
Hoje, ela é uma abordagem defendida por institutos e que figura de maneira crescente em artigos acadêmicos do campo – segundo Stefani Barbosa, em sua pesquisa, o número de publicações científicas com o termo e sua abordagem cresceram exponencialmente nos últimos 10 anos.
A psicologia comportamental é uma das vertentes que está mais preocupada com a eliminação dos sintomas do que transformar a personalidade do paciente. Ela, junto da psicologia cognitiva, procuram entender como e o que afeta o paciente. E então o capacitam para lidar melhor com aquilo.
Essa abordagem orienta o nutricionista que vai procurar entender porque e como você se alimenta como se alimenta. Em que momentos você come? Quando e porque você precisa daquele perfil alimentar? O que pode se fazer para lidar com isso?
Já a nutrição busca estar mais integrada no dia a dia do paciente. A lógica é simples. Não adianta propor uma salada caesar com nozes e mirtilo, se isso não fizer parte do dia a dia do paciente. Não estiver ao seu alcance.
O nutricionista usa seus conhecimentos de alimentação, nutrição, safra e disponibilidade de alimentos, aliado ao aspecto comportamental do paciente, para montar a dieta ideal. Uma que não seja restritiva. Mas, sim, que case com o que o paciente precisa.
A nutrição comportamental mescla aspectos da consulta terapêutica, sem se propor ao tratamento psicológico, com os conhecimentos do nutricionista para propor medidas e intervenções.
Primeiro, o paciente é ouvido durante o encontro. Seus objetivos, o que motiva seus objetivos e as causas que justificam esses objetivos não serem alcançados está no cerne dessa conversa.
Um bom nutricionista comportamental não fará juízo de valor – como não fazem bons terapeutas. No entanto, ele não usará as técnicas da terapia e da psicologia para ressignificar estados mentais. Ao contrário, ele usará essas técnicas para propor mudanças mais fáceis de serem absorvidas pela rotina e pelo cérebro.
Depois, será feita uma dieta em comum acordo entre nutricionista e paciente. Essa dieta e nova rotina devem contemplar o que foi discutido. Ela é feita a quatro mãos. Seu objetivo é dar autonomia. Autocontrole.
Por fim, é feito um acompanhamento. Aqui permanece a regra. Sem juízo de valor. O objetivo é entender o que funcionou, o que não, e o que precisa mudar.
A nutrição comportamental é visto por alguns como um novo braço da abordagem nutricional. Por outros, é visto como opositor da nutrição tradicional. Essa diferença não é por acaso. Tem história. E tudo remete à abordagem e ao primeiro contato que o paciente faz com a nutrição.
Existem profissionais de diversos estilos em qualquer abordagem médica. Haverá médicos que trabalham com intimidade com seus pacientes, como é o caso do Dr. Patch Adams, e médicos que evitam a intimidade a todo custo, como Dr. House. Dentro da nutrição, uma abordagem era bastante comum: a restritiva.
De acordo com essa abordagem, alguns nutricionistas seguiam a linha do “fecha a boca”. Apenas excluindo alimentos da rotina dos pacientes e determinando a nova rotina de alimentação dos mesmos. A prática, entretanto, causava desagrado quando não vinha com a compaixão de entender que a mudança de hábitos alimentares é uma mudança profunda.
Isso leva pacientes a tomarem distância e traumas da abordagem nutricional clássica. Um aspecto simples, mas que a nutrição comportamental leva em consideração. O cuidado. A empatia com a mudança. E, consequentemente, uma aproximação maior com o paciente.
A nutrição comportamental, enquanto uma nova abordagem, tem conquistado fãs e adeptos – tanto do lado dos profissionais quanto dos pacientes. Abaixo separamos alguns dos principais benefícios da nutrição comportamental.
Apesar de alguns alimentos precisarem sair de dietas para perda de peso, essa retirada não precisa ser forçada. Pode ser gradual. Leve. Com calma. As dietas não restritivas aplicadas aos pacientes seguem essa linha.
São dietas que buscam construir uma relação saudável, mesmo com os alimentos pouco saudáveis. Entender a frequência, volume e, principalmente, motivo do consumo. Esse é o mote da nutrição comportamental.
Isso é possível em outras abordagens nutricionais, mas não da forma como é exigido pela nutrição comportamental. Nessa abordagem, a empatia é lei. O nutricionista é instruído e treinado para trabalhar a relação com a comida tanto quanto os níveis de nutrientes no sangue.
E esse enfoque é a grande diferença entre ambos. É comum pacientes relatarem maior conforto e resultados superiores, sobretudo ao lidarem com transtornos alimentares. A abordagem, nesse sentido, apresenta efeitos documentados superiores.
É comum em pacientes de nutrição o seguinte cenário: emagrecer com uma dieta restritiva. Alcançar o peso ideal. Voltar a comer como antes. Engordar. E repetir o ciclo. Esse é o famoso efeito sanfona. Entretanto, a reeducação alimentar, um dos cernes da nutrição comportamental, é justamente o que previne esse efeito.
A reeducação alimentar permite ao paciente mudar a rotina de alimentação. Ele passa a se sentir a vontade com a rotina que tem. Justamente por não ser restritiva. Com isso, ele evita o efeito sanfona, pois a nova dieta não “acaba” quando se chega ao “peso ideal”. Ela passa a ser uma parte integrante – e prazerosa – da sua nova vida.